sábado, abril 07, 2007

...E por cá, o mesmo

Um casal homossexual algarvio em férias pascais no Porto disse ter sido insultado e ameaçado de agressão, pouco depois da meia-noite de hoje, no interior da 13ª esquadra da PSP daquela cidade, em incidentes que associa a "preconceito" sexual. O casal acusa ainda a PSP da 13ª esquadra (Monte dos Burgos) de não aceitar a queixa que pretendia formalizar contra os polícias. (PUBLICO.PT)


É preciso mais do que isto para comprovar o que dizia no post anterior?

Excisão a desaparecer

Pode ler-se nesta notícia (PUBLICO.PT) que

A Eritreia proibiu a mutilação genital feminina (MGF), uma prática que consiste na remoção do clítoris e que atinge 89 por cento das mulheres, islamizadas e cristianizadas, deste país africano. [...] a decisão do Governo da Eritreia prende-se com o facto de que a MGF “põe em perigo a saúde das mulheres, causa-lhes um enorme sofrimento e ameaça as suas vidas”.


Ou seja, a decisão, por muito meritória que seja, é tomada tendo em conta factores "meramente" objectivos, como o risco de vida. Isso quer dizer que é ignorada (sublimada?) a razão que se encontra por detrás destes atentados à "saúde das mulheres", a saber, o fanatismo religioso e a obediência cega a preceitos sócio-culturais.

Se é verdade que não devemos ser acometidos do grave pecado do etnocentrismo, é também verdade que há certos princípios fundadores, como o respeito pela Pessoa humana, que deveriam ser respeitados mais amplamente. Até porque muitos destes casos são processados ainda em crianças pequenas, contra o consentimento (ou sem ele, mais exactamente) das mesmas. E isto viola, mais do que o direito à saúde, o direito à própria identidade, o direito a usufruir de uma sexualidade, alvo de tantos ataques mesmo num mundo supostamente livre, "avançado". Enquanto as razões subjacentes aos problemas não forem expostas, resolver os problemas não vai alterar de sobremaneira a mentalidade o suficiente para erradicar a própria raiz dos problemas.